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Mobilidade urbana e questões socioambientais: o impacto das cidades no nosso bem-estar, qualidade de vida e saúde

Algumas pessoas que me conhecem sabem que uso a bicicleta para me deslocar dentro da cidade (ainda não faço cicloviagens!) e ela é o meu principal meio de transporte para ir trabalhar. Amo pedalar, acho muito prazeroso, e até aprendi a andar sozinha por pura determinação e coragem de quando eu era criança. Mesmo com as suas inúmeras vantagens – difícil citar todas, mas diria que as mais evidentes são: criar um estilo de vida ativo, economizar dinheiro, reduzir a minha parcela individual de emissão de dióxido de carbono e ter mais autonomia –, já pensei várias vezes em outras possibilidades de ir e vir que exigissem menos resiliência de mim. E sustentar a decisão de continuar indo trabalhar desse modo vem mais de uma falta de opções do que colocar os prós e contras na balança. Mas por que eu estou dizendo tudo isso? Penso em quantas vezes nós abdicamos de boas escolhas, já que mantê-las requer bastante esforço e tempo. Nem sempre conseguimos afirmá-las quando há tantas outras variáveis externas nos desfavorecendo e o que deveria ser direito básico ainda se expressa na forma de privilégio.


Para alcançarmos um estado de bem-estar, precisamos, necessariamente, de transformações sociais de cunho político. Precisamos questionar e repensar os modelos impostos, como o de mobilidade urbana. O processo de crescimento das cidades serviu aos interesses da lógica neoliberal, priorizou o lucro acima da própria vida e ignorou a má qualidade que ela poderia vir a ter para algumas pessoas à longo prazo. Com a vinda de indústrias automobilísticas para o Brasil a partir da década de 50, não houve uma participação democrática e uma abordagem coletiva sobre a estruturação das cidades. Hoje, temos grandes dificuldades nesse sentido: a falta de investimento no transporte público eficiente, de incentivo às formas de mobilidade ativas, e, portanto, a dependência cada vez maior do transporte particular.


O papel das ações coletivas, políticas públicas, mobilização e engajamento social é determinante para a saúde individual sob diversos aspectos. Quando falamos dos problemas socioambientais que têm impactado a saúde, é preciso pensar sobre as resoluções a partir das necessidades de todos, mas principalmente das populações mais vulneráveis. Refugiados climáticos e pessoas que moram em áreas de risco de deslizamentos, enchentes e outros desastres, que passam mais tempo expostas à poluição do ar, que não possuem saneamento básico em suas casas, que gastam horas com o transporte coletivo lotado indo trabalhar, entre outras.


É necessário agir imediatamente. A crise climática, as opressões do sistema de produção no qual estamos inseridos e a desigualdade social também produzida por ele, leva-nos a múltiplas formas de sofrimento. Em contraponto, cidades mais sustentáveis e acessíveis poderiam minimizar os danos atuais e melhorar qualitativamente as nossas vidas. Essa discussão deve ser um critério para as pautas políticas e governamentais, não há como não falar mais a respeito disso. Candidatos às eleições municipais que vão ocorrer já em outubro deste ano precisam estar incluindo planos de ação que visem reparar os prejuízos ao meio-ambiente.



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